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TEATRO               AUDIOVISUAL                 CRIAÇÕES                 CONTATO
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Terminal / 2025

Dramaturgia e atuação

Área / Linguagem: Teatro

Local: Brasil

 

Gustavo Vaz e Kelzy Ecard interpretam a si próprios e um casal de atores em processo de separação durante o ensaio de uma peça sobre um difícil reencontro entre mãe e filho. Três planos - um teatro, uma sala de ensaio e uma casa abalada pelo metrô - se misturam, revelando os atores como amigos, amantes e membros de uma família marcada pela falta de diálogo. A peça joga luz sobre a fragilidade da verdade na era da exaustiva hiperinformação, onde fatos e mentiras se embaralham de forma quase imediata e, por vezes, imperceptível. "Terminal" propõe um espaço de reflexão sobre a complexidade das relações humanas e a importância dos pactos comuns na construção dos sentidos diante de uma realidade estilhaçada, enquanto provoca trânsitos e desdobramentos entre diferentes vínculos, seja como mãe e filho, um casal e na relação entre atores e público, onde a certeza do fim é também possibilidade do novo, criando uma experiência cênica que instiga, emociona e diverte nesse jogo ativo de teatralidades.

Cláudia Chaves, jornalista da Veja Rio, diz: "Terminal, engenhoso texto de Gustavo Vaz, dirigido por César Augusto, é um mergulho denso e preciso nas zonas borradas entre realidade e metaverso. (...) O texto de Gustavo carrega poesia e densidade, com a eterna inquietação sobre se há verdade ou não. O ritmo é de uma gangorra de emoções: riso, tristeza, perplexidade, indignação, inquietação. A estrutura não teme a fragmentação e tampouco oferece respostas prontas. O metaverso não é mero simulacro, mas reflexo distorcido e inquietante da realidade."

Rodrigo Fonseca, jornalista da Rota Cult, diz: "“Terminal” é mertiolate: arde… e ao arder, cura. A ardência se dá quando o texto de Gustavo Vaz nos lembra uma das máximas mais bonitas da dramaturgia ocidental, assinada pelo francês Jean Anouilh (1910), autor de “Leocádia” (1940) e “O Viajante Sem Bagagem” (1937): “Existe o amor, é claro, e existe a vida, sua inimiga". Nestes tempos em que antissépticos não pinicam mais a pele, para facilitar acomodações e filtrar o risco de ziquizira, “Terminal” é também uma love story, mas não em tempo integral. Recusa a dedicação exclusiva ao benquerer, a fim de abraçar uma estrutura de jogo de armar. Tem sua cota de riso, tem sua cota de provocação, mas é soberano na experimentação."

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Como Não Morrer de Uma Só Vez / 2023

Escritor

Área / Linguagem: Literatura – Romance

Local: Brasil

Ao se arrepender de morrer, Walter Galego — ruivo e deprimido — ganha a chance de retornar ao início de sua antiga vida e mudar sua própria história graças a um incrível pacto com o Nada. Preso a um corpo que limita suas ações e narrador consciente de sua trajetória desde a concepção, ele enfrenta crises de pânico, ressignifica encontros fundamentais, faz descobertas surpreendentes e se depara, novamente, com o pai violento. Partindo de um suicídio e flertando em muitos momentos com a morte, “Como não morrer de uma só vez” foca na trama cotidiana da vida e na busca humana por sentido, entrelaçada à jornada de um homem que tenta desesperadamente reconstruir — ou destruir — a si mesmo em um bairro quente da zona norte do Rio de Janeiro.

Pedro Kosovsky, dramaturgo e diretor, diz: "(...) Foi assim que li este livro: de uma só tragada. Nas incontáveis quedas – o suicídio é mais uma – Walter passa por momentos que marcam a memória recente de uma geração criada após a redemocratização, mas seu campo de batalha se dá dentro da célula familiar – pai, mãe e filho – este triângulo edipiano que replica compulsoriamente a violência patriarcal, machista e misógina que constitui a sociedade. Tabus, fugas, ressentimentos. Não há amor – e nem ódio – sem ambivalências. Assim opera o desejo. Neste sentido a sucessão de quedas que marca sua cronologia acena também para um gesto ativo; um descontrolado desejo por uma renúncia definitiva contra os valores decadentes que de-formam nossos “homens de bem”:uma espécie de rebelião da própria vida contra si mesma."

Tamy Ghannam, crítica literária e pesquisadora de narrativas brasileiras contemporâneas, diz: "(...) tornar-se quem se é passa por uma série de perdas. A primeira perda de Walter, e a mais marcante de toda a sua vida, é a materna. Voltar a viver faz com que ele seja capaz de sentir e, pior, reter a sensação de experimentar intrauterinamente o ódio absoluto da mãe pelo filho. Ela o abandona quando ele ainda é um bebê, e os poucos momentos que passam juntos são alguns dos mais emocionantes da obra, ainda que haja várias outras cenas também muito comoventes. Tudo o que acontece entre ela, Ivone, e o pai, Nelson, vai despertando no protagonista um desejo faminto de vingança em relação ao pai, que ele culpabiliza pela partida materna. Tal responsabilidade e as problemáticas pessoais dos personagens estabelecem entre eles uma relação conflituosa pelo resto da vida, sobretudo porque Walter enxerga muito de Nelson em si e não consegue estar de bem com isso. Em certo momento, ele chega a dizer: “Minha ressureição, eu me cobro, não tem como objetivo apenas encontrar algum real sentido sobre a vida que tive, nem somente construir e deixar algo relevante no mundo, mas também resolver em mim a presença do homem terrível que sustenta cada célula minha. É dele que se trata. É sobre nós. É sobre justiça.” (p. 257) Seu relacionamento com os pais, portanto, é pautado pela violência – embora cada um deles provoque agressões diferentes –, e essa hostilidade fundante assombra as relações de Walter com outras pessoas de modo até incontrolável. Ter a violência como signo de fundação do eu dificulta o processo de livrar-se dela sem aniquilar a si mesmo, e permite que a narrativa escancare os efeitos das estruturas violentas que formam os homens, sobretudo na ausência de uma referência feminina em que se fiar."

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Jornada / 2023 - dias atuais / ExCompanhia

Direção, dramaturgia, narração e criação via IA

Área / Linguagem: Arte Sonora

Local: Centro Cultural Penha e Centro Cultural Olido, São Paulo / SP, Brasil

 

Experiência audiotour artística site specific que propõe uma caminhada sensível pelo bairro da Penha e pelo centro da cidade de São Paulo. Os participantes usam fones de ouvido e seus celulares para acessar de forma autônoma uma plataforma dedicada com áudios, imagens e mapas.

A obra, resultado de encontros com moradores locais, visitas presenciais à localidade atendida, além de pesquisas históricas e arquitetônicas, estimula a percepção da vida através do espaço urbano e da memória escondida em ruas, prédios e praças. Os participantes são colocados como sujeitos históricos numa relação poética entre sua própria jornada (micro) e a história do mundo ao redor (macro).

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Vozes da Independência / 2022 / ExCompanhia

Direção, dramaturgia e atuação

Área / Linguagem: Arte Sonora

Local: Parque da Independência, São Paulo / SP, Brasil

No bicentenário da Independência do Brasil, cenas sonoras em 3D são espalhadas pelo Parque da Independência — um espaço de estética europeizada e branca — para dar voz a histórias de mulheres, pessoas negras e indígenas invisibilizadas no processo de separação entre Brasil e Portugal.

​O projeto, criado sobre um processo site specific, dialoga com a população sobre temas importantes como a liberdade, cidadania, pertencimento, coletividade e memória, enquanto aponta para o futuro ao olhar para o passado, pensando o Parque da Independência como um espaço fundamental no processo de conscientização experienciada da nossa História. 

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Vozes do Itororó / 2021 / ExCompanhia

Direção, dramaturgia e atuação

Área / Linguagem: Arte Sonora

Local: Vila Itororó, São Paulo / SP, Brasil

Nesta obra permanente e gratuita, totens espalhados pelo espaço trazem personagens — reais e ficcionais — à vida por meio de áudio 3D. O público viaja no tempo, acessando sentimentos de pertencimento e reconhecendo-se como agente histórico ao descobrir processos violentos de especulação imobiliária no centro de São Paulo.

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ExReality / 2020 / ExCompanhia

Direção e dramaturgia

Área / Linguagem: Reality show imersivo

Local: São Paulo / SP, Brasil

 

Um reality show em busca do sentido da vida, no qual três artistas transmitem as telas de seus celulares ao vivo durante nove dias consecutivos. O público responde a enquetes na plataforma da experiência, transformando as vidas dos artistas participantes e podendo conversar e votar diariamente em seu favorito para ganhar um prêmio em dinheiro. O projeto abre espaço para reflexão sobre a dependência da vida online e os formatos de entretenimento no contemporâneo.

Marcela Capobianco, jornalista da Veja Rio diz: "O desenrolar dessa forma inusitada de reality show abre espaço para o imprevisível: afinal, que novos mundos surgirão a partir de relações estritamente virtuais? É possível construir sentidos dentro do isolamento que as telas nos impõe? O que descobriríamos se tudo o que fazemos em nossos smartphones – o lugar onde hoje existimos e nos relacionamos continuamente – fosse exposto 24 horas por dia na internet?"

Juliana de Toledo, jornalista de O Globo, diz: "ainda que brinque com os clichês dos programas desse tipo, “ExReality” é diferente por deixar no ar dúvidas em relação ao que é espontâneo e ao que é roteirizado no dia a dia dos integrantes. Afinal, são atores e, nos bastidores, contam ainda com três diretores, Bernardo Galegale, Gabriel Spinosa e Gustavo Vaz. (...) A sensação de que tudo pode acontecer também é reforçada pela possibilidade de receber a qualquer momento uma ligação dos artistas. Eles podem querer ter uma conversa ao telefone ou mesmo combinar um encontro presencial distanciado com um espectador, para o caso dos que estão em São Paulo. Podem ainda, explicam os diretores, acertar o envio de um presente para a sua casa. Essa interação, porém, não é obrigatória. É possível optar quão longe você quer ir no momento da compra do ingresso."

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Se Eu Estivesse Aí / 2020 / ExCompanhia

Direção, roteiro, edição e atuação

Área / Linguagem: Audiovisual

Local: Gshow / Rede Globo

 

Websérie imersiva na qual o público vivencia, em primeira pessoa, episódios de cerca de seis minutos gravados em áudio 3D. A trama gira em torno de um casal recém-separado, isolado pela pandemia da COVID-19, que tenta resolver o fim da relação por meio de mensagens de voz no WhatsApp. Mais de 300 mil visualizações e diversas indicações em festivais nacionais e internacionais.

Fernando Pivotto, artista, educador e crítico no Tudo Menos Uma Crítica, diz: "O que é interessante em Se Eu Estivesse Aí, então, é que é uma experiência que pode ser desfrutada em camadas distintas. Há essa primeira, relativamente simples, que é a do escrutínio da crise de um casal, mas há outras. Existe uma investigação interessante sobre “escuta” e “comunicação” — nos episódios em que você está sob a perspectiva d'Ela e pode ouvir o que Ele está dizendo enquanto pode ver como Ela reage, pode coletar informações sutis mas importantes que impactaram nos episódios seguintes ou que alteraram a percepção dos anteriores e o mesmo continua acontecendo quando você passa para a perspectiva d'Ele, que reage à ela. Neste salto de um ponto de vista para o outro, da posição privilegiada de observador de ambas as partes, o espectador pode notar as distorções e ruídos na comunicação, as pontes e os abismos que a palavra pode causar. Há também um pensamento interessante — e potencializado nos dias de hoje — sobre o conceito de presença. O que significa “estar” aí ou “estar” com alguém? “Estar” implica, de fato, na fisicalidade da presença, ou podemos “estar” com alguém através das redes sociais, ou da memória, ou mesmo aquilo que eu crio sobre outra pessoa — quando eu estou com você, eu estou com você ou com aquilo que eu crio de você ? Quando, de fato , estamos juntos? O que isso significa? Estar é algo objetivo e concreto ou subjetivo? (...) Outra excelente camada de fruição é a técnica e estética: dramaturgia, filmagem, edição, sonorização, tudo contribui para uma experiência imersiva que me coloquei (tanto quanto possível dadas nossas limitações tecnológicas atuais) “dentro” d'Ele ou d'Ela. Esse tipo de relação com o espectador vem muito sincronizado com os debates mais recentes sobre as formas de arte tecnomediadas e o que elas podem significar como vanguarda artística e para redefinir a experiência do observador."

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frequencia_ausente.doc / 2019 / ExCompanhia

Direção e dramaturgia

Área / Linguagem: Exposição cênica imersiva e interativa

Local: SESC Avenida Paulista, São Paulo / SP, Brasil

 

Momentos antes da estreia, um ator desaparece misteriosamente ao perceber que sua plateia está vazia. Um ano depois, na exposição, são apresentados vestígios deixados por ele — incluindo seu celular — que conectam a experiência ao monólogo, ao ator, ao edifício do SESC e à memória daquele dia fatídico. A obra discute a importância da presença e do outro na construção do existir.

Dirceu Alves Jr., jornalista, crítico teatral e autor, na Veja SP, diz: "A proposta da instalação cênica frequencia_ausente.doc (assim mesmo, em caixa baixa e sem acento) é ambiciosa e exige disposição do público. Cada espectador individualmente percorre sete ambientes em andares do Sesc Avenida Paulista com um fone de ouvido e um celular fornecido pela produção. (...) A dramaturgia construída por Gustavo Vaz, Bernardo Galegale e Gabriel Spinosa, também diretores, é consistente ao apresentar uma trama bastante clara e envolvente. (...) Entre o drama e o suspense, a montagem da ExCompanhia abre espaço para a discussão de questões contemporâneas, como solidão, o descaso dos amigos e a insegurança artística, e sinaliza para uma redenção ao apostar em um desfecho surpreendente."

Amilton de Azevedo, artista-pesquisador, professor e crítico das artes vivas, no Ruína Acesa, diz: "Cabe destacar o trabalho técnico da ExCompanhia, que desde sua fundação, em 2012, se debruça em dinâmicas multimídia de criação. Assim, experimentam modos outros de lidar com a teatralidade, sempre criando fissuras entre o enquadramento ficcional e a realidade. (...) a dramaturgia de Bernardo Galegale, Gustavo Vaz e Gabriel Spinosa (que também assinam a direção) não apenas conduz os ouvidos e o olhar do participante pelos últimos registros de Gritzbur, mas também é preenchida de uma sutil beleza poética que redimensiona a obra. Pois se por um lado trata-se de um site specific que aproveita muito bem a estrutura do Sesc — como a biblioteca, as escadas externas e o entorno do prédio — por outro há todo um campo de reflexão sobre a presença e a existência. (...)  a potencialização da experiência individual do espectador dialoga diretamente com o existencialismo. Ironicamente, a essência de Gritzbur (o ator desaparecido) nos vai sendo revelada em sua ausência; em sua não-existência. Como afirma Sartre em “O existencialismo é humanismo”, “O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”. Gritzbur decide desaparecer para fazer emergir não apenas quem ele era naquele momento — no mínimo, um ator sem público à beira da estreia; o que já pode ser explorado de infinitas maneiras. Seu desaparecimento revela também quem muitas vezes somos; e a importância de se relacionar com o Outro — e de se entender Outro. Ao terminarmos, sozinhos com Gritzbur, na calçada da avenida Paulista, compreendemos que para sintonizar uma frequência ausente é necessário para nós estarmos presentes. E o que é o teatro além da simples afirmação de que nós estamos aqui?​"

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O Enigma Voynich / 2017 / ExCompanhia
Dramaturgia, direção e atuação
Área / Linguagem: Arte Sonora e Grafite Digital
Local: Brasil

 

Série em formato de aplicativo para smartphone, inteiramente produzida em áudio 3D e grafite digital, onde o público se torna o historiador José - personagem central de um thriller de suspense que gira em torno do misterioso manuscrito Voynich, um livro real e
indecifrável. A partir do ponto de vista da personagem, o público acompanha sua busca obsessiva pela tradução do manuscrito enquanto tenta estancar sua crescente perda de memória. Em sua primeira temporada, o público foi convidado a visitar três bibliotecas públicas da cidade de São Paulo(SP), Brasil, para destravar cenas das tramas, abrindo espaço para a reflexão sobre as
plataformas virtuais como repositórios e a existência das bibliotecas na contemporaneidade.

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Frequência Ausente 19Hz / 2015 – Presente / ExCompanhia

Dramaturgia, direção e atuação

Área / Linguagem: Experiência multimídia itinerante

Locais: Santa Maria da Feira (Portugal), Podgorica (Montenegro) e Brasil (temporadas e apresentações)

 

Experiência individual, criada e adaptada para cada cidade, leva o público pelas ruas de forma autônoma, munido com seus smartphones e acompanhado de um personagem invisível em áudio 3D – tecnologia que cria a sensação de presença física do que se ouve através de fones de ouvido. O ator, desmaterializado misteriosamente diante de uma plateia vazia na estreia de seu monólogo inspirado em a “Náusea” de Sartre, leva todos a uma viagem existencial através de uma dramaturgia site-specific que mistura fatos ficcionais com a memória histórica e real do espaço ao redor. A obra foi apresentada em diversas cidades e em importantes festivais no Brasil, como a Mostra Oficial do Festival de Curitiba 2018, e também no exterior, como no Festival Imaginarius (2016) em Portugal e no FIAT (2017) de Montenegro, onde o projeto ganhou o Special Award de melhor dramaturgia.

Reginaldo Bastos dos Santos, mestre em Artes Cênicas, diz: "Ao caminhar pelo espaço urbano, guiados por uma voz em áudio, os participantes envolvidos na trama se deparam com uma cidade outra. A cada lugar por onde a companhia passa, o espaço é desvelado mediante os espectadores nas suas mínimas particularidades. Tudo ganha vida e se torna mote para uma possível narrativa: um galho, uma folha ao chão, um coletivo de pombos, o som dos sinos, os prédios históricos, os monumentos, as igrejas, as ruas, os transeuntes, a própria casualidade, a virtualidade, a vida moderna, o caos. Por entre lugares, os espectadores são conduzidos à descoberta de si mesmos na relação que estabelecem com o espaço urbano. Reconectados à cidade, os participantes vivenciam uma experiencia única, uma vez que a cidade se torna a personagem principal da experiência cênica. Os limites entre o real e o ficcional no decorrer da travessia vão se borrando na medida em que o espaço urbano é atrelado ao espaço cênico sem haver necessariamente uma separação entre ambos, pois tudo é uma única composição: os transeuntes, as ruas, as casas, os monumentos, as placas, os anúncios publicitários, as igrejas, os comércios, os automóveis, os camelôs, a compor um único espaço, o espaço do vivido. (...) Na travessia de Frequência ausente 19Hz, tanto a cidade quanto os espectadores são passíveis de transformação, pois o objeto cidade é modificado mediante os olhares dos espectadores, seus corpos se transformam a partir da relação com a cidade. (...) Com os corpos modificados pela mudança de ambiente sonoro, os participantes (portadores de fones de ouvidos) praticam uma errância no ambiente urbano, deslocando-se sem saber exatamente para onde, a partir do comando de uma voz gravada. Essa voz de comando não convida, ela "sugere" possibilidades de olhar para o espaço urbano e propõe questionamentos, aproveitando-se do fato de ter-se tornado uma voz que fala dentro dessas cabeças, simultaneamente, ocupando o lugar de seus próprios pensamentos. Cada recorte observado pelos olhos desse espectador, portanto, passa a ser filtrado pela interferência de uma voz instalada no seu ouvido. A princípio, uma voz de um ator ausente conduz os espectadores com fones, uma voz sem corpo, que toma emprestado o corpo do público para perambular pela cidade."

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EU – Negociando Sentidos / 2012 – 2013 / ExCompanhia
Dramaturgia e direção
Área / Linguagem: Experiência cênica imersiva

Locais: Munique (Alemanha) e Brasil (temporadas)
Sinopse: Cerca de 25 pessoas participam de uma experiência cênica transmídia com duração de um mês, construindo relações íntimas com personagens fictícios nas redes sociais e em encontros individuais e coletivos em uma casa real e em espaços públicos da cidade. A obra discute os limites entre realidade e ficção e questiona as identidades que criamos para existir no mundo contemporâneo.

Marcio Aquiles, jornalista e escritor, na Folha de São Paulo, diz: "A originalidade do projeto está em permitir que o público conheça os personagens ao longo dessas três semanas, seja para um café ou para um bate-papo. E tudo isso acontece fora do espaço cênico da casa, em horários e locais a combinar, como num encontro real, experiência que leva a peça aos extremos do que seria um naturalismo teatral utópico."

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